CULTURA DE PAZ E NÃO VIOLÊNCIA
O principal tema
tratado pela ética ao longo do tempo tem sido a questão da violência. Segundo
Marilena Chaui a “filosofia moral se ergue como reflexão contra a violência.” São
formas de “violência o assassinato, tortura, suplício, escravidão, crueldade,
mentira, etc”. (CHAUI, 2000)
Num
sentido positivo, ética é a promoção de uma Cultura de Paz. Paz não significa apenas
ausência de violência, mas a não-violência contribui para a Paz. Os seres
viventes são iguais em importância e formam uma unidade, embora sejam diversos.
É a unidade na diversidade e diversidade na unidade, princípio que gera mais
tolerância, coexistência pacífica e diálogo. Equilíbrio dinâmico, harmonia,
cooperação/apoio mútuo e sustentabilidade também auxiliam no estabelecimento de
uma Cultura de Paz.
Durante
o IV
Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade
ocorrido em Belo
Horizonte (2011), a Monja Cohen comentou que:
“Pacifismo não significa passividade.” O grande pacifista Gandhi, por exemplo,
não era passivo, e sim muito ativo. Ser pacifista é promover mudanças e
protestar contra as injustiças de modo não-violênto. Isso tem sido chamado de
pacifismo ativo ou não-violência ativa. É procurar ter atitude pró-ativa, que
não espera a mudança de uma maioria para agir. Gandhi disse: “Seja a mudança
que você quer ver no mundo”, “Não existe um Caminho para a PAZ. A PAZ é o Caminho.”
(FRAZZ, 2011)
Um
documento importante nesse sentido foi o Manifesto 2000 Por uma Cultura de Paz
e Não Violência, organizado pela UNESCO e elaborado por ganhadores do Prêmio
Nobel PAZ. (UNESCO, 2000).
Um princípio originado na cultura, filosofia e religião indiana chamado de Ahimsa, é uma das formas mais antigas de enfatizar a não violência. A palavra vem
da língua sânscrita e é composta por hims,
“agredir”, com a adição do prefixo de negação ‘a’. Significa “não agredir, violentar, prejudicar, matar, causar
sofrimento ou dor” a nenhum ser vivo. É o respeito a toda forma de vida,
valorizando também a unidade na qual todos estão interligados sem deixar de ser
diversos. Acredita-se que atos de violência geram consequências negativas que
dão continuidade ao ciclo de sofrimento. A prática de ahimsa, ao contrário, contribui para libertar. Há uma expressão
que diz: Ahimsa Paramo Dharmaha:
“Não-violência é o supremo caminho”.
Apesar de Ahimsa (não-violência) ser graficamente
uma negação, pode ser entendida no sentido positivo, como sendo a vivência de
uma cultura de paz, amor infinito incondicional e bondade para com todos os
seres vivos, incluindo animais não-humanos. Ahimsa
é o atributo da alma e por isso pode ser praticado por todos, em vários
aspectos e em todos os momentos da vida.
Mohandas
Karamchand Gandhi foi chamado de Mahatma, que em sânscrito significa ‘grande
alma’, principalmente por ter contribuído para a independência de seu povo
através da Ahimsa (Não-Violência), valendo-se
da resistência pacífica. Sua ênfase era nos princípios de Ahimsa e de Satyagraha,
que significa ‘apego à verdade’, ‘caminho da verdade’ ou ‘busca da verdade’,
que é a política benevolente para com o ofensor, ou seja, amor e justiça
cósmica.
Sua forma de
agir teve impacto sobre a Índia, impressionou a opinião pública nos países
ocidentais e influenciou ativistas de vários movimentos pelos direitos civis
como Martin Luther King Jr. No pensamento de Gandhi, o conceito de ahimsa impede não só o ato de infligir
uma lesão física, mais também agressões como maus pensamentos; sentimentos como
ódio e palavras ofensivas, violentas e mentirosas. Um estudo minucioso
histórico e filosófico de ahimsa também
foi fundamental para a formação do princípio da "reverência pela
vida" do médico Albert Schweitzer. Ele preferia não mencioná-la como
princípio negativo da violência, mais como ação positiva, como a ajuda de seres
feridos. A prevenção da violência também parte desse princípio. Reconhece-se a
necessidade de autodefesa quando necessário.
Bandeira da Paz. Disponível
em: <http://universoorganico.wordpress.com/2008/11/21/a-bandeira-da-paz-atraves-da-cultura>
Ahimsa
(Não Violência). Disponível em: < http://www.zazzle.com.br>
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHAUI,
Marilena. Convite à Filosofia. Ed. Ática, São Paulo, 2000.
FRAZZ.
2011. Disponível em: <http://www.frazz.com.br/frase.html/Gandhi-Seja_a_mudanca_que_-64520>.
Acesso em 26
julho 2011 .
UNESCO.
Manifesto 2000.
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O trabalho Cultura de paz e não violência de Fernando A. Lana foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - NãoComercial 3.0 Não Adaptada.
Com base no trabalho disponível em ecobiocosmoetica.blogspot.com.br.
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