quarta-feira, 16 de maio de 2012

Cultura de Paz e Não Violência


CULTURA DE PAZ E NÃO VIOLÊNCIA 


O principal tema tratado pela ética ao longo do tempo tem sido a questão da violência. Segundo Marilena Chaui a “filosofia moral se ergue como reflexão contra a violência.” São formas de “violência o assassinato, tortura, suplício, escravidão, crueldade, mentira, etc”. (CHAUI, 2000)



Num sentido positivo, ética é a promoção de uma Cultura de Paz. Paz não significa apenas ausência de violência, mas a não-violência contribui para a Paz. Os seres viventes são iguais em importância e formam uma unidade, embora sejam diversos. É a unidade na diversidade e diversidade na unidade, princípio que gera mais tolerância, coexistência pacífica e diálogo. Equilíbrio dinâmico, harmonia, cooperação/apoio mútuo e sustentabilidade também auxiliam no estabelecimento de uma Cultura de Paz. 

Durante o IV Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade ocorrido em Belo Horizonte (2011), a Monja Cohen comentou que: “Pacifismo não significa passividade.” O grande pacifista Gandhi, por exemplo, não era passivo, e sim muito ativo. Ser pacifista é promover mudanças e protestar contra as injustiças de modo não-violênto. Isso tem sido chamado de pacifismo ativo ou não-violência ativa. É procurar ter atitude pró-ativa, que não espera a mudança de uma maioria para agir. Gandhi disse: “Seja a mudança que você quer ver no mundo”, “Não existe um Caminho para a PAZ. A PAZ é o Caminho.” (FRAZZ, 2011)

Um documento importante nesse sentido foi o Manifesto 2000 Por uma Cultura de Paz e Não Violência, organizado pela UNESCO e elaborado por ganhadores do Prêmio Nobel PAZ. (UNESCO, 2000).

Um princípio originado na cultura, filosofia e religião indiana chamado de Ahimsa, é uma das formas mais antigas de enfatizar a não violência. A palavra vem da língua sânscrita e é composta por hims, “agredir”, com a adição do prefixo de negação ‘a’. Significa “não agredir, violentar, prejudicar, matar, causar sofrimento ou dor” a nenhum ser vivo. É o respeito a toda forma de vida, valorizando também a unidade na qual todos estão interligados sem deixar de ser diversos. Acredita-se que atos de violência geram consequências negativas que dão continuidade ao ciclo de sofrimento. A prática de ahimsa, ao contrário, contribui para libertar. Há uma expressão que diz: Ahimsa Paramo Dharmaha: “Não-violência é o supremo caminho”.

Apesar de Ahimsa (não-violência) ser graficamente uma negação, pode ser entendida no sentido positivo, como sendo a vivência de uma cultura de paz, amor infinito incondicional e bondade para com todos os seres vivos, incluindo animais não-humanos. Ahimsa é o atributo da alma e por isso pode ser praticado por todos, em vários aspectos e em todos os momentos da vida.

Mohandas Karamchand Gandhi foi chamado de Mahatma, que em sânscrito significa ‘grande alma’, principalmente por ter contribuído para a independência de seu povo através da Ahimsa (Não-Violência), valendo-se da resistência pacífica. Sua ênfase era nos princípios de Ahimsa e de Satyagraha, que significa ‘apego à verdade’, ‘caminho da verdade’ ou ‘busca da verdade’, que é a política benevolente para com o ofensor, ou seja, amor e justiça cósmica.

Sua forma de agir teve impacto sobre a Índia, impressionou a opinião pública nos países ocidentais e influenciou ativistas de vários movimentos pelos direitos civis como Martin Luther King Jr. No pensamento de Gandhi, o conceito de ahimsa impede não só o ato de infligir uma lesão física, mais também agressões como maus pensamentos; sentimentos como ódio e palavras ofensivas, violentas e mentirosas. Um estudo minucioso histórico e filosófico de ahimsa também foi fundamental para a formação do princípio da "reverência pela vida" do médico Albert Schweitzer. Ele preferia não mencioná-la como princípio negativo da violência, mais como ação positiva, como a ajuda de seres feridos. A prevenção da violência também parte desse princípio. Reconhece-se a necessidade de autodefesa quando necessário. 


Bandeira da Paz. Disponível em: <http://universoorganico.wordpress.com/2008/11/21/a-bandeira-da-paz-atraves-da-cultura>



Ahimsa (Não Violência). Disponível em: < http://www.zazzle.com.br>

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. Ed. Ática, São Paulo, 2000.
FRAZZ. 2011. Disponível em: <http://www.frazz.com.br/frase.html/Gandhi-Seja_a_mudanca_que_-64520>. Acesso em 26 julho 2011.
UNESCO. Manifesto 2000.

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